De sonho para pesadelo

Vou deixar bem claro aqui porque eu não aguento mais ter que falar a mesma coisa para todos e isso está me deixando cada vez pior. Vai aqui mesmo e quem quiser saber, leia até o fim e definitivamente, peço que não me perguntem mais sobre o episódio.

Meu "VDA" estava quase concluído. Não sei se falei sobre o VDA aqui em algum momento, se não falei, não será desta vez AINDA, mas faltava um pequeno detalhe que ainda não concluí.
Mas consegui aproveitar bem, sem muito esforço e com bastante prazer, o trabalho que mais amo neste mundo. FOTOGRAFAR.

Coloquei esta foto porque este dia foi especial. Eu estava cansado de estúdios fotográficos, de fotografar eventos e essas coisas que não oferecem muita diversão para quem está fotografando. Muitos podem considerar que fotografar um comitê político é algo extremamente chato e monótono. Mas pra mim, que fui pisoteado, empurrado, puxado, e bater a cabeça em microfones, baterias de cameras de vídeo... foi algo único! Aquele momento que eu via de longe e sonhava estar no meio deles, ali, tentando registrar uma imagem exclusiva.

Não sei bem a sensação de ser uma criança (normal!) na Disney World, mas se eu fosse comparar, seria assim. Eu fotografava e olhava ao meu redor e via aquela gente que vive daquilo. Eu tentava imaginar como aquele pessoal reagiu no primeiro dia sendo fotógrafo, da primeira câmera, do primeiro disparo... e todos ali, lutando por um espaço mínimo e um sol absurdo que estávamos sentindo há pelo menos, 3 horas esperando tudo acontecer.

Consegui estar no meio de todos mesmo sem identificação. Era eu e a câmera preparada em modo "burst" porque eu não economizo espaço no card. Mas... o que estava contando mesmo era estar ali e pouco me importava com as fotos. Queria sentir como era "fotojornalizar". Ver como o pessoal se comunicava, colher o máximo de informação e experiência possível naquele curto período de tempo. Foi inesquecível!

"Você é de que mídia?"
"Faveladarocinha.com"
"Nossa! Vocês tem um site? Vou dar uma olhada quando chegar na redação. A propósito, bela câmera a sua."
"Obrigado!"

Essa mesma camera foi um marco na minha vida. Meu maior sonho era ter uma câmera para que eu pudesse mostrar as pessoas o que vejo ao meu redor. Eu sei que vejo tudo de forma diferente dos demais e me sinto na obrigação de exibir isso.
Ela veio toda desmontada. Um esquema que consegui que viesse dos EUA da forma mais barata possível. Nem a caixa veio. Mas eu nem liguei. Só queria chegar logo em casa e ver como ela funcionava. Uma camera exclusivamente minha, sem precisar pegar alguma emprestada no estúdio. Era minha e eu poderia levar para qualquer lugar e registrar qualquer coisa. Esse foi meu erro.

O assaltante levava minha mochila e ali ele mal sabia o que continha. Era além de uma camera qualquer. Era a realização de um sonho da qual eu lutei por muitos anos para acreditar que eu poderia conseguir. E consegui! Eu contava os dias até a data prometida da entrega e eu nem aguentei entregarem. Fui até lá, subi aquela montanha (não vou explicar isso) e abracei o que pra muitos, era um objeto caro e funcional. Mas para mim, era uma realização pessoal. Eu tinha orgulho de ter aquilo da maneira como consegui.

Meu VDA ficou desfalcado. Se hoje eu penso em ter outra camera, eu ainda não sei. Na verdade, nem sei se continuarei com isso de fotografar. Como me disseram: "Isso é uma profissão de rico. Você tem que ter seguro, tem que ver um veículo para não andar com isso na rua." Achei ridículo o comentário, mas claro, agora faz sentido. Realmente é complicado fazer algo que gosta, inclusive algo que exige além da sua criatividade. O seu investimento. No meu caso, joguei de all-in*.


- Comentem a vontade caso queiram, mas por favor, não me perguntem nada sobre isso. Não perguntem o que farei, o que sinto, o que penso agora... como dizia alguém muito especial na minha vida: "...deixa rolar".




(all-in é um termo utilizado nos jogos de poker quando o jogador aposta todas as suas fichas)

The Sims é um excelente jogo, mas eu odiei

Não lembro quando exatamente, mas comecei na primeira versão do jogo. Viciei! Era uma idéia de gênio um jogo em que eu pudesse controlar uma pessoa e fazer ela agir da maneira que eu quisesse. Brincar de Deus ou algo do gênero. Sei lá.
Se você não conhece, o jogo baseia-se em criar um personagem e levar a vida (sua e dele) adiante. Algo mais avançado que o Tamagochi. Mas a idéia base é a mesma: alimentar, cuidar e manter aquela vida digital. Tem que tomar cuidado e ver as barrinhas oscilando entre verde e vermelho e ver se o seu personagem tá feliz, triste, alimentado, limpo, inteligente... enfim, é um "eu" digitalizado.

Na época quando joguei isso, eu viciei de não perceber o tempo passar. Era tanta coisa que eu queria ver até onde eu iria chegar... ver a profissão que eu iria ter, ver a casa que eu queria fazer e ver a família que eu iria constituir.

Legal, consegui ter tudo isso. Uma mansão, emprego legal, esposa, filho... e...? Nada! Ficou naquilo por semanas e nada mais. Tudo bem que naquela época não existia expansão para o jogo, mas poxa, foram meses de dedicação e "minha vida" ficou chata. Deixei tudo perfeito, o carinha feliz, meu filho totalmente nerdmodgod, minha esposa cuidado lá do casarão e ficou nisso por um bom tempo. Enjoei da minha vida. Desinstalei o jogo.Mas renasci. Voltei e comecei a jogar GTA. Aí sim, estar livre em alguma cidade e poder fazer o que quiser. Então lá estou, em NY explodindo carros. Vida que segue novamente.

Carreira é vida?


Eu sempre acreditei que trabalhar seria somente fazer aquele exercício e ganhar por isso. Mas não é assim que funciona o capitalismo? Você passa 80% da sua semana fazendo algo para alguém e em troca, seu salário.


Até que eu descobri o que é carreira. (Ou o que acho que sei)

Dedicar e aperfeiçoar seus conhecimentos e atuar nas suas funções. E claro, o salário.

E qual a diferença entre ter um trabalho ou ter uma carreira?

Eu vejo assim. Se antes eu trabalhava sem nenhum propósito, apenas estar naquele local em função do salário, hoje eu estou me dedicando a funções que impactam tanto a mim quanto aos outros. Também preciso ser criativo, corajoso e acima de tudo, esforçado.

Já tive metas de vender quantidade x de produtos, metas de atendimento de call center, de manutenção de hardware... mas, e agora? Qual meta eu tenho? Meu trabalho não me impõe metas.

Agora eu tenho projetos. Preciso estudar formas de criar e desenvolver METAS onde, envolvendo uma equipe, somos impactantes numa região de quase 150 mil moradores.

Como se não bastasse, tenho um projeto em andamento que também envolve uma equipe que aos poucos estamos conquistando espaços onde sequer imaginei estar. E isso é só o começo.

Ter uma agenda para compromissos e contatos. Se antes era motivo de brincadeiras... "deixa eu consultar a minha agenda para ver se é possível ir" agora é necessidade.

Carreira.

*a foto foi um evento que a equipe fez na PUC mostrando todos os processos do PAC na Rocinha.

Meu cabeleireiro virou taxista


Eu assistia a vários programas de TV. Desde desenhos animados, até telejornais e seriados policiais.
Hoje nem ligo a TV.

Eu jogava todos os jogos no PC, antes mesmo de lançarem no mercado. E finalizava todos!
Hoje nem meu Nintendinho DS anda comigo pra não mofar na gaveta.

Eu lia todos os principais sites de notícia e vídeos legais no youtube.
Hoje eu ligo o PC e abro meu outlook antes de qualquer coisa.

Eu jogava basquete, andava de skate, tinha um time de futebol e participava de um grupo praticantes de Le Parkour.
Hoje nem corro atrás de ônibus porque... "prefiro evitar a fadiga".

Eu via o dia passar lentamente.
Hoje eu considero uma semana como um dia.

Eu rezava para que algo acontecesse, ou algo surgisse para eu sair da rotina.
Hoje eu dependo de um celular para me avisar do que preciso fazer no dia, senão me perco.

É reconfortante perceber o grau onde cheguei, porém, é preocupante ver o quão rápido tudo isso se tornou. Eu não lembro do passado. Se não fosse esse blog (que nem tenho tempo de ler/postar), eu teria perdido muita coisa do que vivi. Falando em viver... agora vivo com pressa. Meus trabalhos, meus projetos... a impressão que tenho é de carregar algo pesado e subindo a ladeira.

Cheguei ao estágio de não saber o que é um fim de semana. Até porque, já acordei várias vezes num sabado pela manhã, achando que eu estaria atrasado para o trabalho. Isso seria de menos, caso eu não ficasse realmente acordado e trabalhasse, como faço.

"Tamo junto e misturado." É exatamente o que sinto com meus compromissos.

A questão principal: como aconteceu?

Comecei a ter idéias. E coloquei-as em prática. Aí consequentemente veio a responsabilidade.

Com 27 anos, tenho acenado pra pessoas na rua que nem lembro quem são, tenho contatos políticos e contatos da escola primária, tenho PCs para manutenção, tenho relatórios do governo para fazer, tenho fotos para tirar, tenho matérias para postar e tenho projetos para apresentar.

Não consigo nem tempo para ir a faculdade!

Parece brincadeira, mas de fato, os dias ficaram curtos. As pessoas andam depressa e eu almoço com o telefone ao lado do prato.

E faltam 8 anos...

PS: Depois de muito tempo, procurei meu cabeleireiro oficial em Copacabana dias atrás. Ele virou taxista.

"Ai que vergonha"


O bloco de carnaval da Rocinha "Ai que vergonha!" mostra o lado preconceituoso da sociedade e busca ironizar o ponto de vista dessa gente maldosa em forma de samba. Meu amigo Amaury Jr. soube muito bem retratar isso e conseguiu colocar todo mundo para sambar. Dia 31 terá ensaio técnico no mesmo local (praia de São Conrado) e dia 6 de fevereiro o desfile por toda a orla. Vale a pena conferir. Diversão garantida!

Que país é esse?


Engraçado como foi uma semana tão devastadora em informações que eu não gostaria de ter e poder continuar numa alienação da qual eu vivia bem, mas... cego.

Saber e entender


Começou quando fui contratado para trabalhar no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) aqui na Rocinha. Pensei que seria interessante trabalhar lá por vários motivos, principalmente estar a frente em muitos projetos que estão sendo executados aqui mesmo na comunidade.

Se você está usando um crachá, como o meu, e passa por locais onde vivem pessoas precisando de ajuda, pode ter certeza que não hesitarão e usarão todas as forças para chamar sua atenção, até porque, ninguém quer saber o que você faz lá, qual o seu cargo. O que importa é que "alguém" passou pela porta de uma família desesperada que não recebeu atenção nenhuma do governo.

Estive numa região aqui na Rocinha chamado "Macega". Não foi a minha primeira vez, mas nesta segunda oportunidade eu fui para registrar problemas em moradias que foram afetadas numa chuva na última semana de dezembro. Esta região fica no "pé" do morro Dois Irmãos, que divide a Rocinha e Vidigal. E a única região da Rocinha que ainda existe barracos de madeira.

A cada depoimento que eu ouvia, a cada janela com criança acenando, a cada lixo que eu via no caminho, eu me desesperava porque eu não conseguia me imaginar morando ali. Aliás, eu não conseguia imaginar qualquer um morando ali. Como meu supervisor mesmo falou: "Parece um cenário pós-guerra". E de fato, parecia mesmo.

Seria fácil pensar em retirar toda aquela gente de lá e realocá-los para outro lugar, não é? Eles não querem sair de lá! Óbvio que não. Ninguém quer ir para um abrigo. Mas e se oferecerem uma casa? Eles vão vender e voltar para a região condenada. Eu até entendo, pois são gente que não tem uma estrutura de vida, além de não ter uma estrutura residencial, mas o que eu não entendo é arriscar a própria vida desta forma.

Por falar em arriscar a vida... na foto você verá uma pedra que rolou no momento da chuva que contornou (milagrosamente!!) um barraco e só parou numa árvore e (milagrosamente de novo!!) não caiu em outra casa logo abaixo.

Encaro como "os esquecidos da Rocinha", porque até para reivindicarem eles não conseguem.

Mas eu não esqueci deles.



Le Flâneur


Outro caso foi quando a minha casa faltava luz sempre a partir das 21hs. Talvez com a sobrecarga porque neste horário todo mundo chega do trabalho né? Noites de 26, 27ºC e ar condicionado ligado... acabou. Por 4 noites seguidas! Como eu não iria conseguir dormir mesmo, eu pegava meu livro (Startup - Jessica Livingston) e ia até São Conrado para ler em paz. O problema era chegar até lá.

Eu moro na parte alta da Rocinha. Até chegar em São Conrado eu ando um bom caminho. Praticamente atravesso toda a Rocinha.

O interessante é que eu passo por vários caminhos e por várias "tribos", desde nordestinos, funkeiros, (...), baladeiros de plantão, gente voltando do trabalho... a rotina do local que nunca para. E toda essa gente espantada comigo. Um olhar esquisito que eu percebia e todos na minha direção. Aquilo me incomodou muito porque isso nunca aconteceu comigo. Até eu perceber que o problema não era eu... era o livro!
Em uma dessas noites, eu estava com fome e parei num restaurante para jantar. Outra situação incômoda pois me atenderam, tá, me atenderam muito bem, mas... por que diferenciado dos outros?
Acho que eu estava muito incomodado para pensar a razão disso tudo. Mas... o livro me deixou num "nível" diferenciado dos demais. Passei em frente a uma fila de um baile funk e chamei a atenção de todos com aqueles olhares de reprovação.

O livro seria uma ameaça? Seria um "ser" estranho num lugar incompatível? Seria um objeto de desejo?

Estamos em 2010 e muita coisa está acontecendo. Jovens com prioridades diferentes, governo com prioridades diferentes, empresas com prioridades diferentes... que sociedade louca!
A impressão que tenho é de estar num mundo "carpe diem". Viver o hoje e somente isso. Que medo é esse? Que pressa é essa? Que país é esse?

2009... e que ano!

Uma novela! Eu poderia resumir assim esse ano de 2009 como uma novela: apresentando os personagens... mostrando os mocinhos/mocinhas e bandidos... aquela ação toda para que no final, mas bem no final mesmo, uma reviravolta que deixa a audiência lá em cima para ver até como vai terminar tudo.

Passei a transição 2008/2009 desempregado. Num momento que nada acontecia enquanto devorava os livros e cópias da faculdade eu vivia numa época de total estagnação. Era uma vida corrida, mas sempre com o mesmo objetivo. Só faculdade? Matérias... revisões... resumos... gravações... não era suficiente.

Acho que meu ano começou mesmo quando fui naquele bendito protesto contra o Gilmar Mendes na FGV. Quem diria que ali seria o início de tudo? Estar no lugar certo, na hora certa e falar com as pessoas certas foi fundamental para o que seria, algo que sempre sonhei.

  • UMA LIGAÇÃO ESPERADA
Depois de disputar contra fotógrafos pelo melhor ângulo, me aproveitei da situação e fiz diferente. Por sorte, como considero mesmo sorte, eu estava no lugar certo e consegui uma foto em que abriu muitas portas pra mim. Além disso, me motivou a continuar, já que eu achava que a faculdade naquele momento, era perda de tempo e dinheiro.



  • FOTOGRAFAR FAZ BEM
A melhor aula que tive na faculdade. Fotografia Social me fez olhar o mundo de uma maneira diferente só que da maneira mais profissional possível. Fotografar é algo tão bom quanto qualquer coisa boa que você possa pensar em fazer. E algo que fiz com muito orgulho foi apresentar um trabalho no auditório da faculdade. Mesmo alguém que tenha feito o mesmo tema que o meu, o que me confortou foi meu professor ter elogiado meu trabalho e reconheceu meu esforço e minha visão.


  • DIVERTIR TAMBÉM É PRECISO
Foi um marco de 2009. Procurei me divertir da forma mais simples possível. Nada tão louco, apenas noites agradáveis onde aproveitei cada momento, mesmo que fosse raro. Lapa virou uma parada obrigatória até porque, por ser perto da faculdade, foi o principal ponto de encontro nas sextas. Sinuca e cerveja. Melhor impossível!






  • COMEÇAR A POSSIBILITAR
Cansei de esperar. Coloquei em prática o que eu deveria ter feito a muito tempo. Não foi fácil. Madrugadas em claro colocando tudo que não sabia, junto com Diego e Julia, e muitos tutoriais sendo lido e discutido. Nasce o FavelaDaRocinha.com e junto, um desafio que muda radicalmente a minha vida. Aquele sonho de estar nos lugares "intocáveis" ou registrar aqueles momentos que não existirá novamente e ser responsável em transmitir o que aconteceu... é o que pretendo com o que estudo e é o projeto da minha carreira. Está tudo muito indefinido agora, mas espero ler isso aqui, sei lá, 2 anos depois e ver como tudo começou. É um filho que terei que cuidar pelo resto da vida, talvez. Mas quero ver esse filho crescer, tomar decisões sozinho e tornar-se independente e quem sabe, mudar vidas. E é o que pretendo. Diretamente e indiretamente.


  • (TEMPO)UCO
Depois do site, um mundo novo surgiu. Comecei a praticar o que venho aprendendo na faculdade e o resultado sempre muito positivo. Porém, o preço é alto. Tenho dormido muito pouco, tenho discutido bastante, briguei com muita gente, mas ainda acredito. E não sou de acreditar em qualquer coisa, aliás, além de duvidar de nada, eu não acredito em QUASE nada. E tempo é algo que não tenho, imagina se eu fosse correr atrás para recuperar? Cheguei a um ponto de precisar meu celular me avisar de meus compromissos.

Como uma novela. Esse ano terminou de forma surpreendente. Eu consegui um emprego que nunca imaginei ter. Amo meu emprego. Além de exercer o que estudo, eu ajudo pessoas. Eu tenho o poder de fazer coisas que afetam muita gente. Mas claro, tenho consciência da responsabilidade de fazer tudo isso em pouco tempo. Tenho pouco tempo para muita coisa. E acredito que em 2010 eu trabalhe mais que em 2009. Não, eu não achei suficiente. Este ano que está passando é apenas o que deixei plantado. Espero que em 2010 eu possa colher tudo. Porque é o que pretendo. Vou avançar desta vez. Vou deixar o meu lado cauteloso para trás e dar uma caminhada forte aos objetivos do próximo ano. É, realmente farei a minha lista de ano novo que não faço desde... 2005?

Meu trabalho começa no primeiro dia de 2010. E meu novo lema: SIGAM-ME OS BONS!

FELIZ 2010!

"Leandro! A janta está na mesa!"

Sempre quando volto da faculdade, minha janta está na mesa. Não importa a hora que eu chegar, basta colocar o prato no microondas e em 2 minutos está pronto.

Se tem algo da qual me atrapalha muito neste momento é o tempo. O dia ficou pequeno e tudo que tenho para fazer acaba sempre ficando um pouco para o dia seguinte. Aí vira uma bola de neve rolando montanha abaixo. Esqueço coisas, compromissos, pessoas... e eu, quase um velocista, correndo.

Um bom exemplo foi última sexta-feira. Agora virou rotina eu cancelar algo para fazer outra coisa. E desta vez, tive que matar a faculdade. Aquele famoso "ah, deixa eu dormir mais uns 5 minutos" me deu um atraso de 3 horas e cheguei muito tarde no estúdio. Mas chegando lá, meu outro mundinho, sempre me aguardando de braços abertos e muita gente para conversar e trocar idéias.

Hora passando voando e lá estava eu, correndo por Ipanema procurando lugar pra comer. Fazia tempo que não comia um Big Bob, e não foi desta vez que senti o gosto mesmo comendo. Correndo para achar um taxi até a PUC. Precisava chegar na hora!

Caso alguém leia isso com uma boa diferença de tempo, este ano tivemos um episódio bem "estranho" com uma estudante de mini saia e a faculdade toda a agredindo verbalmente, sendo que a própria teve que sair da faculdade escoltada pela polícia. Como eu poderia ter medo disso? Claro, eu na PUC e minha camisa estampada FAVELADAROCINHA.COM me deixaria um tanto tenso, mas segui em frente mesmo percebendo conversas paralelas e olhares direcionados a minha camiseta.

Já faz um tempo que não saio para me divertir. Aliás, tenho saído bastante, porém fico registrando as saídas dos outros, entendeu? Aquela gente que eu admirava por estar "do outro lado" intermediando o artista e o público, mostrando como foi aquele momento. Sim, agora sou um deles.

Maldita e Matanza. Nem gosto tanto assim, mas já fui a tantas coisas piores que nem sei mais. A PUC ficou pequena e aquele mar de gente literalmente fazia alguns pularem pra dentro dele. Já passava das 22hs e eu, que desde 10hs corria de um lado para o outro, estava cansado e com fome.

Da PUC para a Rocinha. Casa? Nem pensar! Do Rock ao Funk em questão de minutos. Apesar da pouca organização de minha parte, conseguimos entrar como staff e com noite mal dormida e um dia corrido, tive outro evento com gente ansiosa para a festa. Mc Marcinho e aquela toda minha infãncia de jogar bola e pipa na laje veio a tona e confesso, cantei junto quase que o show todo.

Amanhecendo e vindo um sábado. Teoricamente, começaria aí meu fim de semana. Finalmente cheguei em casa muito cansado, triste por estar cansado, porém feliz por tudo acabar bem. Vim para casa com duas matérias e mais de 800 fotos, ou seja, meu trabalho ainda não acabou. Larguei minha mochila no chão e me joguei no sofá da sala. Olhei bem na cozinha e vi algo. Tive que olhar de perto, levantei e me aproximei da mesa.

Lá estava a minha janta.

PARABÉNS MÃE!!! 20/11!!! (Sabe-se lá quando vou entrar no meu blog de novo...)

Retornando...

Finalmente voltei ao blog. Estive muito ausente nestes últimos dias e muita coisa aconteceu.
Conheci o estúdio do Marcelo e vivo lá desde então. Em meio a fotos, PCs e laptops, eu já nem sei mais o que faço lá. Mas o que me impressionou lá é a equipe e como eles são unidos. Há momentos de piadas dos mais tranquilos para ajudar os mais nervosos e o entrosamento fazendo com que eles sejam eficientes sem, sequer, perder a correria do dia a dia.

Falando em correria, eu percebo isso quando chego e há um(a) modelo(a) no estúdio. Geralmente atores/atrizes da Globo. É estranho estar no meio dessa gente. Ainda não me acostumei viver no "staff" que ando vivendo ultimamente.

Passei minhas férias em total stress. Simplesmente porque sempre fugia de aprender HTML em qualquer linguagem. Mas desta vez, vi que eu deveria ter aprendido e um cursinho desse não seria nada mal naquela época.

Voltei pra faculdade com um segredo. Aprendi a guardar segredo de minhas coisas. Viviam me falando que não deveríamos dizer nossos planos a ninguém, pois não dá certo. Eu nunca acreditei nisso, mas resolvi testar contrariando minha ideologia. Estavam certos.

Entrei na faculdade com alguns objetivos. Consegui todos eles mesmo ainda estar no terceiro período neste momento. Claro, faltava a cereja em cima né? E fui em busca dela.

Passei exatos 3 meses me concentrando somente numa coisa. Eu já estava dizendo que em 1 semana eu envelhecia 1 ano, e era verdade. Passei por alguns problemas e dando ênfase ao meu trabalho sem se importar muito com o resto.
Noites e noites em claro. Julia e Diego ajudando e muitas noites de baladas e cerveja foram trocadas por internet, PC e PHP.
E assim, nasceu um projeto que todos dizem "promissor" onde usamos tudo que aprendemos na faculdade para explorar um universo desconhecido, desejado e odiado: a Rocinha.

Eu moro na Rocinha desde que nasci. Sofri muito por isso e agradeci muito também. Morar num lugar como esse é como se fosse um curso intensivo pra vida. Onde desde cedo, fui preparado a esperar tudo de todos e sempre, disposto a enfrentar desafios, digamos, injustos.

Criamos um site de notícias. Onde decidimos tudo, absolutamente tudo sozinhos. Desde o nome até o conteúdo. E não foi nem um pouco fácil. Na verdade, eu ainda não acredito que tudo aquilo passou tão rápido, como eu desejava naquela época.

O FavelaDaRocinha.com nasceu num momento oportuno. Tivemos uma boa demanda de assuntos para colocar no ar, e grandes eventos aconteceram aqui. A Banda O Rappa veio e gravou um DVD aqui perto de casa e foi a nossa primeira grande matéria. Lidar com o público, lidar com a produção, assessores... algo que me fez a ficha cair enquanto eu fotografava o show. Eu sentia que realmente estava tudo acontecendo como eu sempre imaginava. Muitas vezes esperando o "bendito" 178 em São Conrado, eu, olhando para o alto do morro, sempre imaginando o que eu poderia fazer por essa gente. Olhando para o outro lado, o lado dos condomínios de luxo, eu pensava da mesma forma.

A ambição não me deixa quieto. Sempre querendo mais, buscando conteúdo para o site, fiz contatos importantes. Desde produtores e assessores de artistas a políticos e gente influente na Rocinha. Pela primeira vez entrei no barracão da Acadêmicos da Rocinha. Pela primeira vez, ouvi de um político, planos de uma infra-estrutura no local. Pela primeira vez, me senti responsável por algo tão imenso. Ser responsável pelo conteúdo de um site como esse é ser responsável pela visão dos que não moram aqui. E isso pesa.

Lembro de quando eu tinha uns amigos especiais. Daqueles que hoje moram no hemisfério norte. Eles sempre me perguntavam como era morar na Rocinha. Eu nunca dizia que era ruim. Mas... não era! Eu jogava bola na chuva... aprendi a andar de bicicleta, soltar pipa e tomar muito açaí depois de um dia de praia. Já comi um galeto na rua com meus amigos. Já fiquei na rua de madrugada apenas conversando. Não havia nada de errado. Eu não mentia. Mas não adiantava, pois o que eles sabiam do local era sobre mortes, tráfico, armas e drogas. Por mais que eu insistisse, a mídia estava ali. Estacionando seus carros e subindo com a polícia, ansiosos para voltar com algum corpo coberto por um saco de lixo.

O site abriu meus olhos. Eu como morador tive muitas informações que quem não mora aqui, nem imagina! E agora, como já me disseram, tenho a responsabilidade de passar isso adiante. Quero dar uma importância maior ao local onde moro porque sei que aqui não é um lugar qualquer. E muita gente tem uma visão errada da Rocinha. Decidi que irei mudar isso, nem que eu morra tentando.

Hoje o site está no ar. Nem tem 15 dias desde o primeiro dia do lançamento que nem comemoramos. Aliás, não temos tempo para comemorar. Já tivemos inúmeras reuniões, discussões de pauta e planejamento do site. Conto com uma equipe de 5 estudantes. E todos estão trabalhando sério nisso. Me orgulho de cada um deles por confiarem em mim e se entregarem neste projeto. Entendo todas as dificuldades e agradeço por tudo que vocês fizeram até agora.

Sentir aquele frio na espinha de estar num palco registrando um show, ou entrevistar alguém com um projeto desconhecido... estar presente e informar o que muitos não sabem é bastante prazeroso.

Isso é um trabalho? Eu não consegui ainda definir isso. Mas estou me divertindo cada minuto nele.



Nerds on table

Sim, saímos do PC e trocamos o Left 4 Dead para uma noite de sinuca - offline - e quem diria, não foi uma noite tão simples. E como poderia ser?

Gabriel numa reunião de rádio, Diego dançando com a vocalista do Placebo e eu fazendo uma "bela" prova de teoria da comunicação. Depois de longa conversa, chegamos a um acordo que sendo o último dia de faculdade, resolveríamos fazer algo juntos sem que precisasse de uma conexão banda larga.

Lapa é realmente cheia de opções. Desde comer pizza com biscoito Fofura - oi Nita! - até jogar sinuca de maneira totalmente profissional, mas sem o mouse. Não foi difícil conseguir lugar, o mais complicado da noite foi ter que aturar indiretas de um viado que cismava de me cantar. Rolando, inclusive, a famosa passada de mão no meu ombro que, aparentemente, deve ser muito sexy mesmo.

Claro, meu objetivo ali não era ganhar de todos (mesmo assim ganhei hehe) e sim, ver sangue correr nas veias de álcool do Diego e o Gabriel rindo a toa. O resultado foi diferente. Quem saiu de lá rindo a toa foi o Diego, mas de nervoso. A conta fez com que ele ficasse sem dinheiro nenhum. E ele com medo, saiu do bar rindo tanto que o segurança ficou preocupado na porta.

Ele teve sorte. Eu tava guardando meu dinheiro pra comer. Paguei nossas passagens mas voltei com fome.

Adeus 2º período.

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