Difícil ser o que é

No meu conceito de "vida paralela", é aquela pessoa que vive totalmente diferente de mim e do meu círculo de amizades. Um exemplo simples: nessa semana, encontrei com colega no ônibus e conversamos bastante. Eu, irritado com o trânsito, fiquei o tempo todo pensando na possibilidade de perder a prova de Mídia. Ele, com uniforme escolar, indo para a casa de uma das "namoradas" e dizendo como era os dias dele. Em casa, no MSN, esperando alguém ligar para ele dar aquela "conferida" em uma de suas... digamos, envolvidas.

Você não precisa ir muito longe para ver alguém BEM diferente de você. Basta ir a praia, ao shopping que verá muita gente que, diferente de você, age de tal forma que te deixaria envergonhado se fosse algum parente seu contigo.

Eu amo a tecnologia, claro. Mas eu mataria o idiota que imaginou que seria uma boa idéia colocar um falante no celular, mesmo com entrada de fones. Talvez seria para ter um celular viva-voz, não? Tudo bem, como muitos não podem ter um Nextel, alguns aderem ao "querido" e não muito comum, o viva-voz. Mas para aqueles que não sabem o que isso significa, utilizam esse querido aparelho de comunicação para ouvir música. E compartilhar seu áudio a quem estiver por perto.
É muito raro eu sair sem fones, mas quando isso acontece, sou obrigado a ouvir barulhos na rua, porém isso é longe de ser incomodador, comparado a um "proibidão" que o companheiro de banco de ônibus e DJ anônimo insiste em compartilhar. O pior é o indivíduo estar seriamente olhando para frente, como se a música entrasse em seu coração e dissesse algo que o deixasse em reflexão. Mas enfim, falar de funk é outro assunto.

Em muitas vezes me senti O peixe fora d'água. Em Belo Horizonte, com pessoas falando sobre gado e um show dessas duplas sertanejas tocando ao nosso lado. Em Curitiba, sabe-se lá como fui parar numa festa de universitários de Medicina e tive que ver um vídeo de uma cirurgia onde era retirado um tumor no intestino.

Sendo assim, o diferente era eu.

Mas aqui no Rio segue um padrão. Sendo mais específico, na Rocinha numa sexta ou sábado de noite. Ao andar na rua, você escolhe as duas calçadas e o que elas oferecem: lado direito, é praticamente um Belford Roxo ou Nilópolis da vida, lado esquerdo é o nordeste.

É muito complexo tentar entender como "dois mundos" conseguem viver em harmonia mesmo sendo extremamente opostos. Pior são pessoas, como eu, que vivem entre eles.

É claro, já me disseram também a famosa frase:

"Como sabe se não gosta se nunca tentou?"

Então, lá fui eu com meu trabalho empírico num baile funk. Por sorte estavam transmitindo um jogo de futebol. Nem me importei que era do Vasco.
Forró? Nem preciso ir muito longe, minha mãe é baiana. Meu pai também é nordestino, mas ele é um daqueles raros exemplos de nordestino acima dos 50 anos que curtam rock.

[Preciso agradecer a influência do meu pai e meu tio]

Vida difícil para quem segui o sentido contrário. Basquete ao futebol. Skate ao patins. Trabalho a praia e nem vou falar de música, até porque, preciso pagar mais caro para não ouvir músicas que não gosto. Experimenta ver o preço de um show do Iron Maiden e ria da minha cara do preço que você pagou para entrar no Castelo das Pedras.

4 Comments:

Marco Whynox said...

Boua, bôuaa...

Mas podemos ver as coisas pelo outro lado tb. Por exemplo, não vou citar nomes, mas existe um certo rapazola obeso, buchudo, cabeludo e de marcha torta na diagonal, que tem tudo para se adaptar tranquilamente no meio do Juazeiro do Norte, no Cariri ou nas redondezas do Crato. Porque no fundo... lá é o seu lugar... mas mesmo assim, ele não aceita sua natureza.

Não abraça sua porção Ceará(porção extra large please...)

É muito complicado ser "um estranho no ninho" e se manter são...

Ao menos vc é feliz sendo o pária no seu meio. Se mantém estável na sua diferença! Esse rapaz roliço que eu utilizei como exemplo vive no conflito entre a carne de sol do varal, o carré cheio de cistos e a civilização ultra moderna cheia de tecnologia.

Julia Campoz said...

achei um tanto quanto preconceituoso esse negocio de belford roxo, nilopolis, vou te falar que tem muito mais musicos na baixada do que na rocinha ou em jacarepagua.

mas o post em si, muito legal, é realmente dificil a resistencia à essa massificação da cultura.

Leandro Lima said...

Mas a comparação com nordeste e baixada foi relacionada a música.

Viviane said...

Caraca,não poderia ter sido mais oportuno esse post!
Estava pensando exatamente nisso agora e pouco e até postei algo similar no meu blog...

Mas eu sou da teoria de que ser diferente não é realmente ruim. A cada dia que passa me sinto mais esse passarinho de costas...

Quanto aos auto falantes nos celulares... São coisas do demônio! Junto com os radio nextel para pessoa fisica!! Ele resolver testar o sistema de som/comunicação do inferno e disponibilizou essa tecnologia para os homens!

Postar um comentário

Twitter Update

    follow me on Twitter